Maria Augusta dos Anjos – que recebeu, em 2008, o coração de Eloá Pinheiros – morreu nesta segunda-feira (3/5) de Covid-19. Augusta, de 51 anos, estava internada desde o fim de abril no Hospital Santa Terezinha, em Parauapebas, no Pará, e tinha 75% do pulmão comprometido.
“Ligaram do hospital e hoje foi o dia escolhido: Nosso Pai celestial recolheu a Augusta para a vida eterna, para morar ao seu lado, para abraçá-la e dizer: ‘Ah, filha, que bom que você chegou, vem aqui perto do Papai’. Hoje, chegou ao fim todo seu sofrimento, sem remédios, sem cirurgias, sem agulhas, sem máquinas… apenas a grandiosa face de Deus!”, escreveu, em uma rede social, a sobrinha de Augusta.
A família chegou a arrecadar R$ 8.410 em uma campanha virtual para arcar com os custos hospitalares, mas Augusta não resistiu.
Eloá Pimentel morreu em 2008, quando a polícia invadiu a casa em que ela era mantida refém há quatro dias pelo ex-namorado Lindemberg Fernandes, em São Paulo.
Além de Augusta, quatro pessoas receberam os órgãos doados pela família da vítima. Foram aproveitados os dois pulmões, o pâncreas, o fígado e os rins da adolescente.
Augusta nasceu com uma cardiopatia grave, chamada ventrículo único, que impedia que ela realizasse tarefas básicas. Com 22 anos, ela fez uma cirurgia experimental para colocação de válvula cardíaca, mas, após 16 anos, era necessário que Augusta fizesse um transplante.
Dois anos após entrar na fila, a mulher pediu um coração de aniversário – o que, de fato, concretizou-se em 20 de outubro de 2008, data em que Augusta completou 39 anos. Apesar de ser a quinta na fila de transplante, Augusta, a única paciente compatível com o coração, recebeu o órgão.
Até o fim desta semana, a cidade do Rio de Janeiro terá dez polos de saúde específicos para atender a pacientes com suspeita de dengue. O primeiro deles, em Curicica, na zona oeste da cidade, foi inaugurado na manhã desta segunda-feira (5). A capital entrou hoje em situação de emergência devido à doença.
Haverá polos também em Campo Grande, Santa Cruz e Bangu (na zona oeste), Complexo do Alemão, Madureira, Del Castilho e Tijuca (na zona norte), Gávea (na zona sul) e Centro.
A abertura dos polos é uma das ações do plano de contingência de enfrentamento à dengue, criado pela prefeitura do Rio, uma vez que a cidade já registrou, este ano, 11 mil casos da doença, com 360 deles necessitando de internação.
Os polos vão funcionar nas dependências de unidades básicas de saúde. No caso de Curicica, por exemplo, está localizado dentro do Centro Municipal de Saúde Raphael de Paula Souza.
Atendimento
O secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, orienta as pessoas a procurarem atendimento nos polos ou em redes de atenção básica se começarem a sentir sintomas da dengue, que incluem febre alta, dor de cabeça, dor no corpo, nas articulações e no fundo dos olhos.
Assim que chegam ao polo, os pacientes têm uma amostra do sangue recolhida para a confirmação do diagnóstico, que é dado cerca de uma hora depois da coleta. No local, também há cadeiras e macas para hidratação venosa e oral.
A equipe de saúde, formada por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, fará também a classificação da gravidade do quadro. Os quadros mais graves serão encaminhados para internação como “vaga zero” (emergência), através da Central Municipal de Regulação.
O plano de contingência também prevê a destinação de leitos exclusivos para a internação desses pacientes. No Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, por exemplo, que funciona como uma unidade de referência inicial, foram separados 20 leitos.
No próprio Centro Municipal de Saúde Raphael de Paula Souza, também haverá um setor destinado à internação de pacientes com dengue e outras arboviroses (doenças transmitidas por artrópodes, como mosquitos e carrapatos).
“Esse nosso primeiro polo consegue fazer todo o tratamento. O paciente chega, colhe sangue, consegue fazer hemograma, consegue colher sorologia. Se precisar de hidratação, faz hidratação venosa e oral aqui mesmo. E, se precisar de internação, também tem leitos dedicados aqui para arbovirose e infectologia. O objetivo é que a gente consiga reduzir o número de casos graves e reduzir o número de óbitos por dengue. Esse tratamento precoce faz toda a diferença”, afirmou Soranz.
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Caso haja necessidade, mais centros de atendimento poderão ser abertos, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Além dos polos, os 150 centros de hidratação montados no final do ano passado nas unidades de saúde para o atendimento de devido aos efeitos do calor também serão usados na assistência às pessoas com dengue.