A família de Olga Maria Haddad Pinto, 40, que morreu durante cirurgia para retirada de seu bebê, alega que o Hospital e Maternidade Femina foi negligente quanto ao acompanhamento da gestante.
Diagnosticada com covid-19, Olga procurou o hospital com 33 semanas de gestação ao apresentar febre alta. Depois de passar por dois médicos da unidade ela foi encaminhada para casa, ocasião em que foi orientada a tomar dipirona e anticoagulante.
Após perder muito sangue durante a noite e ter sofrido com contrações, Olga retornou à Femina e foi submetida à ultrassonografia. No momento do exame, o médico constatou que a criança estava morta e encaminhou a mulher para outro hospital.
Para a família, o hospital foi negligente ao não realizar o procedimento de retirada do bebê diante do alto índice de contaminação da mãe.
“Então, mandaram minha filha procurar outro hospital sob o argumento de que não havia mais vagas”, disse a mãe de Olga, Geny Martha Haddad. “Poderiam ter salvo o bebê e minha filha desde o primeiro dia quando viram que ela estava com covid e o bebê poderia vir a óbito”.
Após a morte do bebê, no dia 14 de abril, Olga foi transferida para o Hospital Santa Rosa. No local, ela passou por uma cirurgia para retirada da criança, mas não resistiu ao procedimento e morreu.
Outro lado
Por meio de nota, o hospital Femina apontou que segue o Código de Ética Médica e frisou que acredita que a “conduta médica é soberana”. Além disso, a unidade afirmou que não tinha leito disponível na época devido ao colapso no sistema de saúde em virtude da pandemia.
Confira a nota na íntegra
“O Hospital e Maternidade Femina expressa os mais sinceros sentimentos pela perda da empresária Olga Maria Haddad Pinto e seu filho, bem como se solidariza à toda a sua família.
A instituição informa que possui corpo clínico aberto e atende ao Código de Ética Médica, que prevê que nenhuma disposição estatutária ou regimental, seja de hospital público ou privado, poderá limitar a escolha, por parte do profissional médico, das medidas que serão aplicadas para elaborar e concluir o diagnóstico e, também, na condução do tratamento. Nesse sentido, a conduta médica é soberana.
Quanto à vaga para internação da paciente, conforme amplamente divulgado na imprensa, o sistema de saúde (público e privado) colapsou e, desde o início de março até a data do referido atendimento, o hospital não possuía vagas disponíveis em leitos de UTI para Covid-19, conforme prontamente informado à família.
A Femina informa ainda que continua trabalhando 24 horas por dia, sem medir esforços para atender com segurança e qualidade. Contamos com uma equipe multidisciplinar e corpo clínico de excelência, no qual depositamos nossa confiança”.